JULIANA FRANZIN PAVAN
ANÁLISE DE DOCUMENTÁRIO - OLHAR ESTRANGEIRO
Relatório apresentado à disciplina de Antropologia,
para o Curso de Graduação em Psicologia na
Universidade Metodista de Piracicaba.
Docente: Maria Heloísa
Piracicaba - 2013
Ao assistir Olhar Estrangeiro, de Lucia Murat, fiquei chocada com a dimensão que
uma ideia mal-retratada pode adquirir no conceito alheio e me veio à mente a seguinte questão: o que seria um clichê e quem o cria? A pessoa que é o
alvo dele, ou quem o difunde?Tratando-se do Brasil, quem seria o responsável, o próprio país e sua população que oferece apenas uma visão – nem sempre a mais apropriada - de si mesmo ou os outros países, que insistem em imagina-lo e retratá-lo daquela maneira toda deturpada?
Lúcia Murat, cansada da maneira ignorante que a indústria
cultural promove o Brasil no exterior, resolveu ir atrás daqueles que de alguma
forma contribuíram para a propagação de uma imagem cheia de estereótipos do
nosso país e os convidou a refletir sobre suas escolhas tão “criativas” ao
retratarem o Brasil.
Ela procura identificar os motivos que levaram os profissionais
do cinema a construir esse Brasil tão "clicheresco" e colhe depoimentos de populares do público estrangeiro, ficando fácil entendermos a visão que eles tem sobre
nosso país.
Em alguns momentos, Murat consegue deixar alguns entrevistados
constrangidos ao confrontar o que eles transmitiram nas telas de cinema com a
realidade.
A verdade é que esse documentário nos propõe
muitas perguntas: por que até hoje, com o mundo todo tendo acesso aos mais
diversos meios de comunicação, nossos clichês mais ridículos continuam sendo
mais representativos do que a essência do nosso país?
No próprio documentário, pude observar que alguns diretores e demais envolvidos nessas produções,
mesmo estando em contato com nossos valores, retrataram um Brasil do imaginário
coletivo, talvez porque retratar um Brasil diferente do que o mundo já “conhece”
não seja rentável.
E eu pergunto: não seríamos nós os responsáveis por essa
visão “samba, carnaval, futebol e mulher pelada” que impera no mundo? Ou será
que a manutenção desses clichês diz mais sobre os estrangeiros do que sobre nós
mesmos? Manter essa imagem seria uma ignorância deles ou uma falta de vontade do
nosso próprio país de mudar isso? E mais: até que ponto isso é bom ou ruim?
Poderia ser bom, se pensarmos que todos são vítimas dos clichês e que eles, de
alguma forma, dão uma identificação singular ao nosso país num mundo tão
globalizado. Mas por outro lado, isso é muito ruim, porque na verdade
acabamos sendo minimizados a meia dúzia de características que nem sempre
condizem com a nossa realidade.
Olhar Estrangeiro é um bom exercício de autoanálise, para
avaliarmos até que ponto nós brasileiros contribuímos para essa visão
equivocada ou se elas são pura e simplesmente fruto da ignorância estrangeira.
Afinal, quem nunca teve uma ideia sobre um povo, uma cultura, apenas baseado no
disse-me-disse alheio?
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