segunda-feira, 20 de maio de 2013

Anomia escolar - um problema recorrente

JULIANA FRANZIN PAVAN
 
ANOMIA ESCOLAR - UMA PROBLEMA RECORRENTE
 
Trabalho apresentado à disciplina de Sociologia,
para o Curso de Graduação em Psicologia na
Universidade Metodista de Piracicaba
 
Docente: Silvana Paccola
Piracicaba - 2013
 




Atualmente esse é um tema que necessita atenção e profundo estudo, pois há um índice considerável de situações de violência nas escolas, onde os principais protagonistas são jovens estudantes. Essa situação vem inquietando e preocupando pais, professores, comunidades e autoridades de segurança pública, que não sabem exatamente como agir diante dessa ameaça cada vez mais comum, que vem transformando os estabelecimentos de ensino em verdadeiros campos de batalha e criando muitas dúvidas e incertezas em relação às práticas pedagógicas desenvolvidas nessas escolas.

Muitas brincadeiras são apenas consideradas indisciplinas, mas isso muda quando a discussão entre aluno e professor começa, pois o desrespeito aparece, os dois se tratam como iguais, cobrando direitos e deveres. Os professores que se impõem acabam por ouvir palavras grosseiras, pois muitos alunos não aceitam serem advertidos. Com isso as discussões pioram, gerando mais ódio por parte dos alunos e profunda indignação, insatisfação e frustração por parte dos professores.

Entre o material escolar necessário para o estudo, os adolescentes estão levando consigo à sala de aula revólveres, soco inglês, estiletes, canivetes e facas improvisadas a partir de tesouras e compassos escolares. Os alunos se unem às suas gangues e promovem brigas, arruaças, atos de vandalismo, espancamentos, assaltos a outros estudantes, depredações das escolas, ameaças de morte a professores, coordenadores e diretores, e até mesmo homicídios, como é de conhecimento de todos. Esse não-respeito às regras, caracteriza-se como anomia, e vai em sentido totalmente contrário ao da construção da cidadania, do ensino e do desenvolvimento pessoal.

Toda essa violência tem raízes profundas. Tanto a crise da família quanto as desigualdades econômicas, sociais, políticas e culturais, são responsáveis pelo crescimento da criminalidade na sociedade e da violência nas escolas. A educação que a família proporciona antes da criança ingressar numa escola é de fundamental importância e deveria ajudá-la na formação de um ser humano capaz de viver em sociedade, na satisfação de suas necessidades e no alívio de suas tensões internas. E cada dia mais sentimos o quanto é grave a falta dessa estrutura familiar, pois ela acarreta diversos problemas para o indivíduo, como a falta de auto-estima, de referências, o descrédito dos valores sociais, éticos e morais, violência doméstica, (agressão física familiar), negligência, omissão, envolvimentos com drogas, álcool, etc.

Vendo-se obrigada a assumir grande parte da função educativa, em virtude dessa desestrutura familiar, a escola não se encontra aparelhada para tanto.  É preciso unir esforços, entendendo que o sistema educativo não sabe ao certo como intervir efetivamente nessa atual realidade extremamente complexa e violenta. É fato que alguns professores tem, de certa forma, autonomia para decidirem por si qual o melhor caminho a tomar no decorrer do processo educativo e pra isso é preciso que tenham claro qual a sua concepção de homem, de educação, de sociedade e o tipo de aluno que se deseja formar.

A escola tem, como uma de suas funções, desenvolver um pensamento reflexivo nos alunos ajudando-os a construir uma melhor compreensão da realidade e a valorização de valores importantes, como a solidariedade, respeito, honestidade, responsabilidade, fraternidade e de convivência que parecem estar sendo deixados de lado. Faz-se necessária a formação de uma cultura da paz, bem como o uso de diversas estratégias para a conscientização sobre o conflito e a sua resolução por meios pacíficos, pois os sujeitos constróem a sua cultura, seus modos de agir e  pensar com base nos valores que pautam e orientam a sua formação. É preciso fazer com que os jovens estejam certos de que o bem comum é a finalidade da humanidade. Desse modo, para que os professores possam ensinar virtudes é preciso que eles sejam virtuosos, despojados de preconceitos. Eles devem ter uma responsabilidade ética pelo que ensinam, pois têm papel relevante na medida em que é a partir de suas atitudes que valores, vícios e virtudes poderão ser formados ou não nos alunos.

Todavia, o Estado precisa assegurar aos professores uma qualificação contínua, tendo em vista uma equipe com sólida formação, em especial com princípios éticos comuns, a fim de que possam transmitir valores que primem pelo bem comum da sociedade. Cabe também ao Estado buscar formas de erradicar os problemas de toda essa desigualdade social e assegurar melhor qualidade de vida à população, ou seja, estruturas sociais justas para todas as pessoas, destinando atenção adequada às questões relativas à saúde, educação, alimentação, moradia, bem como à ampliação das oportunidades de trabalho, tendo em vista a dignidade humana.

 

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