JULIANA FRANZIN PAVAN
ANOMIA ESCOLAR - UMA PROBLEMA RECORRENTE
Trabalho apresentado à disciplina de Sociologia,
para o Curso de Graduação em Psicologia na
Universidade Metodista de Piracicaba
Docente: Silvana Paccola
Piracicaba - 2013
Atualmente esse é
um tema que necessita atenção e profundo estudo, pois há um índice considerável
de situações de violência nas escolas, onde os principais protagonistas são
jovens estudantes. Essa situação vem inquietando e preocupando pais,
professores, comunidades e autoridades de segurança pública, que não sabem
exatamente como agir diante dessa ameaça cada vez mais comum, que vem
transformando os estabelecimentos de ensino em verdadeiros campos de batalha e
criando muitas dúvidas e incertezas em relação às práticas pedagógicas
desenvolvidas nessas escolas.
Muitas brincadeiras
são apenas consideradas indisciplinas, mas isso muda quando a discussão entre
aluno e professor começa, pois o desrespeito aparece, os dois se tratam como
iguais, cobrando direitos e deveres. Os professores que se impõem acabam por
ouvir palavras grosseiras, pois muitos alunos não aceitam serem advertidos. Com
isso as discussões pioram, gerando mais ódio por parte dos alunos e profunda
indignação, insatisfação e frustração por parte dos professores.
Entre o material
escolar necessário para o estudo, os adolescentes estão levando consigo à sala
de aula revólveres, soco inglês, estiletes, canivetes e facas improvisadas a
partir de tesouras e compassos escolares. Os alunos se unem às suas gangues e
promovem brigas, arruaças, atos de vandalismo, espancamentos, assaltos a outros
estudantes, depredações das escolas, ameaças de morte a professores,
coordenadores e diretores, e até mesmo homicídios, como é de conhecimento de
todos. Esse não-respeito às regras, caracteriza-se como anomia, e vai em
sentido totalmente contrário ao da construção da cidadania, do ensino e do
desenvolvimento pessoal.
Toda essa violência
tem raízes profundas. Tanto a crise da família quanto as desigualdades
econômicas, sociais, políticas e culturais, são responsáveis pelo crescimento
da criminalidade na sociedade e da violência nas escolas. A educação que a
família proporciona antes da criança ingressar numa escola é de fundamental
importância e deveria ajudá-la na formação de um ser humano capaz de viver em
sociedade, na satisfação de suas necessidades e no alívio de suas tensões
internas. E cada dia mais sentimos o quanto é grave a falta dessa estrutura
familiar, pois ela acarreta diversos problemas para o indivíduo, como a falta
de auto-estima, de referências, o descrédito dos valores sociais, éticos e
morais, violência doméstica, (agressão física familiar), negligência, omissão,
envolvimentos com drogas, álcool, etc.
Vendo-se obrigada a
assumir grande parte da função educativa, em virtude dessa desestrutura
familiar, a escola não se encontra aparelhada para tanto. É preciso unir esforços, entendendo que o
sistema educativo não sabe ao certo como intervir efetivamente nessa atual
realidade extremamente complexa e violenta. É fato que alguns professores tem,
de certa forma, autonomia para decidirem por si qual o melhor caminho a tomar
no decorrer do processo educativo e pra isso é preciso que tenham claro qual a
sua concepção de homem, de educação, de sociedade e o tipo de aluno que se
deseja formar.
A escola tem, como
uma de suas funções, desenvolver um pensamento reflexivo nos alunos ajudando-os
a construir uma melhor compreensão da realidade e a valorização de valores
importantes, como a solidariedade, respeito, honestidade, responsabilidade,
fraternidade e de convivência que parecem estar sendo deixados de lado. Faz-se
necessária a formação de uma cultura da paz, bem como o uso de diversas
estratégias para a conscientização sobre o conflito e a sua resolução por meios
pacíficos, pois os sujeitos constróem a sua cultura, seus modos de agir
e pensar com base nos valores que pautam e orientam a sua formação.
É preciso fazer com que os jovens estejam certos de que o bem comum é a
finalidade da humanidade. Desse modo, para que os professores possam ensinar
virtudes é preciso que eles sejam virtuosos, despojados de preconceitos. Eles
devem ter uma responsabilidade ética pelo que ensinam, pois têm papel relevante
na medida em que é a partir de suas atitudes que valores, vícios e virtudes
poderão ser formados ou não nos alunos.
Todavia, o Estado
precisa assegurar aos professores uma qualificação contínua, tendo em vista uma
equipe com sólida formação, em especial com princípios éticos comuns, a fim de
que possam transmitir valores que primem pelo bem comum da sociedade. Cabe
também ao Estado buscar formas de erradicar os problemas de toda essa
desigualdade social e assegurar melhor qualidade de vida à população, ou seja,
estruturas sociais justas para todas as pessoas, destinando atenção adequada às
questões relativas à saúde, educação, alimentação, moradia, bem como à
ampliação das oportunidades de trabalho, tendo em vista a dignidade humana.

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